A lei da oferta e da demanda

A lei da oferta e da demanda encontra-se alocada dentro do ramo da microeconomia, sendo considerada, até mesmo, como o instrumento-chave desta. Ela é diretamente afetada pelas ações comportamentais do consumidor, que atua de alguma forma para saciar suas vontades por determinados bens e serviços. A partir daí surge a teoria do comportamento do consumidor.

Para Izidoro (2014) e outros economistas, essa teoria é centrada no comportamento dos consumidores. Por que estes escolhem o tipo e quantidade de produtos disponíveis no mercado, ou seja, o mercado responde aos desejos do consumismo.

 O autor ainda define que, de forma geral, os indivíduos possuem características sobressalentes em comum, que são:

  • Com exceção de uma reserva monetária (poupança), transformam todos os seus rendimentos em bens e serviços;
  • Dividem sua renda em diversos bens, não concentrando-a em um só;
  • Via de regra, a maioria dos produtos não são adquiridas em quantidade suficiente;
  • Limitados à sua renda e ao preço aplicado aos bens, procuram sua total satisfação.

Mas, o em que isso influencia o mercado? Qual a conexão com a demanda e oferta?

Pois bem, a lei da oferta e da demanda se aplica para análises econômicas por meio de diversas características, destacadas algumas por Silva (2018) como a compreensão do porquê as variações econômicas no mercado global afetam o preço do mercado local e sua produção, além de auxiliar na previsão destas situações; avaliações de impactos causados por preções, salários-mínimos e incentivos à produção e; avaliação dos impactos aos produtores e consumidores causados pelos impostos de importação. Para melhor compreensão da lei da oferta e demanda, avalia-se a teoria da utilidade.

Teoria da utilidade

A teoria da utilidade nos dá respaldo para responder os questionamentos acima. Ela procura demonstrar que, à medida que o indivíduo consome bens e serviços, o mesmo obtém satisfação (utilidade). Ou seja, tal utilidade se refere ao grau de satisfação psicológica que o indivíduo obtém ao adquirir um ou mais produtos.

Essa teoria foi criada por Jeremy Bentham, e aperfeiçoada por outros pensadores e economistas até ser entendida e dividida, basicamente, em duas partes: Utilidade Marginal Decrescente e Utilidade Total. A primeira determina que, à medida que o indivíduo consome unidades adicionais de um produto, sua utilidade diminui, conforme explica Vasconsellos (2015). Por exemplo, uma pessoa com fome consome duas barras de chocolate, a primeira barra consumida lhe dará mais satisfação que a segunda, uma vez que saciará mais a sua fome e, portanto, possui mais utilidade. A segunda parte é entendida como a somatória da utilidade marginal, seguindo de forma crescente até seu limite, definido pelo seu não mais incremento de utilidade. Para melhor compreensão, vejamos a tabela a seguir:

Quantidade de barras de chocolate consumidasUtilidade TotalUtilidade Marginal
0 0
1 50 50
2 80 30
3 95 15
4 99 4
5 100 1

Assim, a utilidade marginal causa uma tendência negativa de consumo, uma vez que o consumidor não obterá a mesma utilidade para itens adicionais de um produto, o mesmo não estará disposto a pagar o mesmo valor pago pelo primeiro item. Para melhor compreender sobre o assunto, leia também o artigo Teoria do Consumidor, de autoria de Donário e Santos (2015), disponível em https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3191/3/TEORIA%20DO%20CONSUMIDOR.pdf

As curvas econômicas

Dentro da lei da oferta e demanda existem duas curvas, a curva da oferta e a curva da demanda, as quais tendem a regular e equilibrar o mercado. Para isso, considera-se a não intervenção do Estado, ou seja, o governo não intervém nos fatores econômicos. Assim, o preço de mercado será definido pela procura e produção dos produtos, bem como a demanda estará ligada à situação econômica do indivíduo ou sociedade, enquanto a oferta dependerá da procura pelos bens e serviços.

A curva da oferta

A oferta de um produto é o quanto deste bem ou serviço que os produtores querem e podem vender e, intrinsicamente, está relacionada com o preço e custo, visando o lucro. A curva da oferta, por outro lado, é a relação entre a quantidade ofertada de determinado bem e seu preço. Nesse sentido, Silva (2018) leciona que a curva da razão é ascendente, pois considera que, quanto mais elevado o valor de um bem, maior o interesse em produzi-lo e, entretanto, quanto maior a produção, mais elevado seus custos para produzi-los e, consequentemente, maior será seu preço de venda.

Exemplificando, se um produto tem custa 1 real para produzir e tem valor venal de 5 reais por unidade, determinado empresário tem interesse em produzir 10 unidades, para isso, gasta 10 reais, vende por 50 reais e fatura 40 reais, assim, obtém 80% de lucro. Mas, a partir do momento que esse produto eleva seu valor para 10 reais a unidade, esse mesmo empresário irá elevar sua produção para 30 unidades. Entretanto, para produzir essa quantidade, o empresário precisará mais mão de obra, equipamentos, matéria prima e outros fatores que encarecem sua produção. Dessa forma, o valor de custo do produto passa de 1 real para 3 reais, ou seja, o empresário gastará 90 reais para produzir e venderá por 300 reais, lucrando 210 reais ou 70%. Para que ele retorne a faturar os 80% de antes, será necessária uma elevação no valor da venda.

Para Pindyck e Rubinfeld (2010) essa curva “informa-nos a quantidade de mercadoria que os produtores estão dispostos a vender à determinado preço, mantendo-se constantes quaisquer outros fatores que possam afetar a quantidade ofertada”. Assim, quanto maior o preço, mais incentivada a empresa se encontrará para produzir e vender.

Graficamente a curva da oferta é demonstrada conforme o exemplo abaixo, onde, quanto maior o valor do bem, maior a oferta:

(MANKIW, 2020)

Além do custo e preço, outros fatores podem alterar o deslocamento da curva da oferta. Sampaio e Lenza (2019) identificam o preço das matérias primas e insumos, condições climáticas, tecnologia, preço dos bens relacionados (bens substitutos e bens complementares), expectativas, número de firmas e impostos sobre vendas como alguns desses fatores.

A curva da demanda

Diversos fatores influenciam na demanda de um bem qualquer, ao analisar a fundo o mercado, a questão de preço é o fator determinante para isso. Assim, a curva da demanda representaria a relação entre preço e quantidade demandada, caso os demais fatores fossem constantes, é o que explica Mankiw (2020). Para reforçar essa ideia, supõem-se que um litro de refrigerante passe a custar R$ 70,00, definitivamente as pessoas passariam a ingerir menos refrigerante, reduzindo a demanda. Por outro lado, se esse mesmo produto passasse a custar R$ 0,50, o seu consumo seria maior, ou seja, a demanda aumenta.

A “lei da demanda” é um termo utilizado de forma universal para explicar que, quando não há outro fator interferindo, se o preço de um determinado bem sobe, a sua procura diminui e vice-versa. E a “escala da demanda” mostra a relação de consumo e preço, mantendo as demais condições constantes.

Diferente da curva da oferta, Pindyck e Rubinfeld (2010) definem a curva da demanda como um indicador de “quantidade que os consumidores estão dispostos a pagar à medida que muda o preço unitário”, também se mantendo os demais fatores constantes. Seguindo a lógica da inversão, quanto menor o preço, mais incentivado o consumidor estará em adquirir produtos.

Entretanto, conforme explica Sampaio e Lenza (2019), diversos fatores podem deslocar a curva da demanda, entre eles verifica-se a renda, o gosto pessoal, a propaganda, o preço dos bens relacionados (substitutos e complementares), expectativa, número de consumidores, entre outros. A renda, por exemplo, influencia de diversas maneiras na curva da demanda, vez que, se a renda aumenta, a demanda por produtos “normais” aumenta, a demanda por bens superiores aumenta, a demanda por bens inferiores diminui e bens de consumo saturado tendem a se mantes.

Para ficar mais claro, analise a seguinte situação: Ernesto recebia R$ 1.500,00, e consumia, mensalmente, 1 peça de vestuário (bem normal), 0 garrafas de whisky (bem superior), 2kg de carne de segunda (bem inferior), e 1kg de arroz (bem saturado). Determinado dia, mudou de emprego e passou a receber R$ 5.000,00 e, a partir daí, passou a adquirir, mensalmente 2 peças de vestuário, 1 garrafa de whisky, 2kg de carne de primeira e 1kg de arroz.

A curva da demanda é demonstrada em gráficos, conforme exemplo abaixo. Universalmente o fator determinante é representado no eixo vertical, enquanto a quantidade demandada é apresentada no eixo horizontal, formando, assim, uma curva inclinada para baixo.

Mankiw (2020)

Referências

IZIDORO, Cleyton (org.). Economia e mercado. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Cengage, 2020.

PINDYCK, Robert S; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7.ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

SAMPAIO, Luiza; LENZA, Pedro. Microeconomia esquematizado®. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

SILVA, César Roberto Leite da; LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados: introdução à economia. 20. Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e macro. 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2015.

3 thoughts on “A lei da oferta e da demanda

  1. Relacionado a teoria do comportamento do consumidor podemos citar a teoria da cultura do consumo. Segundo a “Teoria da Cultura do Consumo” (ARNOULD; THOMPSON, 2005; McCRACKEN, 2003), A qual a define não ser unificada, pois se refere a uma família de perspectivas teóricas que direcionam às relações dinâmicas entre ações de consumo, o mercado e significados culturais. No Brasil pode se notar grande parte das pessoas busca uma equiparação aos mais próximos por meio de bens materiais e da ascensão social, esse é um traço da cultura latina de forma mais ampla a qual está ligada a Idea de obter grandes posses para exibir as outras pessoas, simplesmente, ostentar. A validação dos pares tem uma importância desmedida para muitos a qual traz a ideia de se dar bem, muitas vezes compromete o planejamento financeiro e tira a qualidade de sus escolhas.

  2. A ideia da curva da demanda seria encontrar um ponto de equilíbrio no preço dos produtos.

    Vender pelo preço mais alto pode não trazer bons resultados, pois poucas pessoas irão comprar o produto. Abaixar o preço pode também não gerar os resultados desejados pois você terá que vender muito mais para gerar lucro. Por isso encontrar esse equilíbrio no preço é fundamental

  3. A sociedade de hoje está organizada em torno de inovação. Startups surgem todos os dias para tentar inovar o mercado. Essa inovação seria criar um produto útil, para o qual não há oferta, mas que há uma demanda. Quando isso ocorre, essas empresas explodem, pois são as únicas a explorar essa demanda inicialmente. Foi assim com Uber, Apple(ao lançar o Iphone em 2006 – quando já era uma grande de tecnologia), Ifood entre tantas outras. Mas identificar essas demandas não é fácil e é em torno disso que vemos o mercado de startups girar hoje.

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