Equilíbrio de Mercado e Eficiência Econômica

Equilíbrio de mercado

O mercado estará equilibrado quando, sobrepostos os gráficos da oferta e da demanda, houver uma interseção entre eles, ou seja, quando a quantia ofertada e a quantia demandada forem a mesma. Percebe-se, então, que o preço de um determinado bem ou serviço não é determinado apenas pela oferta ou apenas pela demanda, mas sim pelo conjunto destas duas, ao encontrarem o equilíbrio de mercado. O ponto de equilíbrio, além disso, tende a ser o ponto de faturamento máximo do produtor, vez que há um aproveitamento total da produção consonante com um preço adequado.

Mercado desequilibrado

Pode ocorrer de o mercado não se encontrar em ponto de equilíbrio, como fator determinante disto, tem-se o preço. Lembrando da curva da oferta, quanto mais alto o preço de um produto, maior o interesse das empresas em produzi-los e vice-versa. Assim, Sampaio e Lenza (2019) elucidam que, caso o preço esteja acima do preço de equilíbrio, haverá um excesso de oferta, uma vez que a demanda será menor que a oferta. Com isso, os produtores tendem a abaixar os preços na expectativa de aumentar a demanda, até que ocorra o equilíbrio.

Em contrapartida, se o preço estiver abaixo do preço de equilíbrio, haverá mais demanda do que oferta, configurando a falta do produto em mercado. Esse fator se deve, novamente, às curvas da oferta e da demanda, onde, com o preço do produto baixo, os produtores são desestimulados a produzir grandes quantidades, enquanto os consumidores são estimulados a consumir mais que o normal. Com isso, Sampaio e Lenza (2019) explicam que se os preços forem aumentados, os consumidores consentirão em pagar mais pelo produto, e isso resultará em uma oferta crescente, até que ocorra o ponto de equilíbrio.

Dessa forma, formam-se três situações distintas, um ponto de excesso de produtos (quando a oferta é maior que a demanda), um ponto de escassez de produtos (quando a demanda é maior que a oferta), e um ponto de equilíbrio (quando demanda e oferta estão no mesmo patamar), conforme demonstrado na Figura 01.

Figura 01 – Tendência ao equilíbrio de mercado (CARVALHO, 2015).

Efeitos sobre o mercado das mudanças na demanda e na oferta

Na aula anterior verificamos os fatores que podem interferir na curva da demanda. Assim, considerando a concorrência perfeita (a determinação do preço se dá pela oferta e demanda e não pela influência das empresas), quando esses fatores alteram a demanda, aumentando-a ou diminuindo-a, o mercado é afetado pelos efeitos disto. Essas alterações na demanda podem se dar de forma repentina ou gradual.

A definição de mercado, para Besanko e Braeutigam (2004), abrage todas as possibilidades de negociações entre pessoas, empresas e Nações. Izidoro (2014), por sua vez, define mercado, em matéria econômica, como a área geográfica utilizada por compradores e vendedores que objetiva transferir a propriedade de produtos (bens e serviços). Com esse conceito, ao analisar a interação entre oferta e demanda em busca do ponto de equilíbrio, o autor destaca três pressuposições:

  • O livre mercado: considera que o mercado opera de forma livre, sem interferências de forças externas em sua atuação. Como exemplo de força externa temos os impostos e o controle de preços governamentais sobre os produtos, que interferem no preço final destes.
  • A maximização do lucro por parte dos empresários: de forma autoexplicativa, de forma geral as empresas buscam lucro, pois, sem este, se torna inviável/impossível a existência da empresa a longo prazo.
  • A maximização da satisfação dos consumidores: Ao adquirir qualquer produto, o consumidor preza por sua total satisfação. Para isso, observam-se as variáveis preço e qualidade.  Sua satisfação é obtida com a combinação “alta qualidade + preço baixo”, muitas vezes restrita devido ao fato de que, comumente, produtos baratos tendem a ter qualidade baixa.

Pois bem, partindo dos pressupostos acima e considerando-os para as próximas pressuposições, adentraremos nos efeitos propriamente ditos. Para que o mercado seja afetado, basicamente duas situações podem ocorrer: Deslocamento da curva de oferta e Deslocamento da curva de demanda, que alteram o ponto de equilíbrio e, consequentemente, impactam o mercado.

Dentre os efeitos causados no mercado ao ocorrerem mudanças na oferta e na demanda, tem-se a alteração no preço e na quantidade produzida, conforme já estudado. Reforçando a ideia, ao aumentar a procura por determinado produto, as empresas já fabricantes deste aumentarão sua produção, bem como novas empresas passarão a produzir tal produto. Ao mesmo tempo, se a demanda retroagir, as empresas reduzirão sua produção ou, até mesmo, deixarão de produzir. Dessa forma, um dos efeitos gerados por essas alterações é a concorrência.

Ligadas, ainda, à concorrência, alterações nos preços podem ocorrer conforme a demanda, a fim de vender mais produtos que as demais empresas do ramo. Um exemplo disso é o caso de medicamentos genéricos, que apresentam mesma fórmula dos medicamentos de referência, mas divergem nos valores.

Aos ocorrer o deslocamento das curvas de oferta e demanda, simultaneamente, podem ser encontradas diversas alterações no preço e quantidade ofertada. Essas alterações se dão em decorrência dos fatores que determinam as referidas curvas. Assim, Besanko e Braeutigam (2004) explicam que ao combinar o deslocamento das duas curvas, altera-se o ponto de equilíbrio, de forma que o aumento da oferta se inclina para reduzir a quantidade de equilíbrio, enquanto a redução da demanda inclina-se para ampliar a quantidade de equilíbrio.

Para demonstração gráfica, o autor utiliza como exemplo o mercado de trigo dos EUA, em que, no ano de 1996 o preço era de $4 por alqueire, passando para menos de $2 o alqueire em 1999. Complementa ainda que, essa redução pode ter ocorrido em decorrência da redução da demanda e do aumento na oferta, conforme demonstrado na Figura 02.

Figura 02 – Deslocamento na oferta e na demanda (BESANKO; BRAEUTIGAM, 2004).

Ao serem deslocadas as curvas da oferta e da demanda, o mercado tende a buscar o equilíbrio. Assim, buscam por alternativas para que o setor se torne viável. Diversos autores, como Besanko e Braeutigam (2004), citam como efeitos dessas alterações no mercado, a substituição técnica entre trabalhadores muito qualificados e pouco qualificados, a busca por tecnologias que barateiem o custo de produção, matérias primas com menor preço, substituição de fatores de produção (substituição de mão de obra humana por robótica, por exemplo), entre outros impactos.

Equilíbrio de mercado, a mão invisível e eficiência econômica

Recapitulando alguns critérios já estudados:

  • Equilíbrio de mercado: o ponto em que as curvas da oferta e da demanda se interceptam, gerando um máximo aproveitamento do produto, sem excesso e sem déficit.
  • Mão invisível: citada por Adam Smith em suas obras, hoje é utilizada para definir a auto organização do mercado, tornou-se símbolo para o livre-mercado. Ou seja, se não houver forças externas interferindo nas relações comerciais, as pessoas buscarão as melhores condições possíveis para comercializar seus bens e serviços, buscando ter o mínimo de gastos e atender o máximo de pessoas a fim de obter um máximo de lucro.

Dessa forma, quando se trata de economia, busca-se encontrar a eficiência econômica, definida por Pindyck e Rubinfeld (2010) como “a maximização do excedente do consumidor e do produtor em conjunto”. Para melhor compreensão, entende-se por excedente do consumidor a diferença entre o valor que o consumidor estaria disposto à pagar pelo produto e o valor real do produto, enquanto o excedente do produtor consiste na diferença entre o valor que o produtor estaria disposto a vender seu produto e o valor real do produto.

Assim, se determinado produtor estivesse disposto a disponibilizar seu produto no mercado por R$ 10,00, e o comprador estivesse determinado a pagar R$ 20,00 neste produto, qualquer valor entre R$ 10,00 e R$ 20,00 trariam um excedente para o produtor e/ou para o comprador, sendo R$ 15,00 o ponto de eficiência econômica, visto que maximizou os dois excedentes de forma igualitária.

Demanda e oferta agregadas

A demanda agregada demonstra  a quantidade de bens e serviços (demanda total), para cada nível de preço, que é composta pela demanda dos quatros setores considerados nas identidades macroeconômicas que são os famílias, o Estado, empresas e exterior onde estão dispostos  a  comprar,  a  um  determinado  nível  de preço e em determinado momento. Sendo assim, Câmara (2016) demonstra:

DA = C + I + G + X – M

O autor complementa que, quando falamos na economia que um país possui, a demanda agregada caracteriza o consumo total com a aquisição de bens e serviços que serão obtidos, para cada nível de preço.  O total da produção está ligado com PIB (Produto Interno Bruto) de um país, quando os seus níveis de seu estoque estão estabilizados. 

Para tanto, alguns fatores da demanda agregada dependem, como:  de gastos públicos efetuados pelo Estado, política monetária e fiscal, dos impostos a que estão   sujeitos, da renda em poder dos consumidores disponíveis para consumo, entre outros fatores. A curva de demanda agregada indica a quantidade de bens em que os consumistas almejam adquirir a cada nível de preço. Assim, quando apresenta uma inclinação negativa, está relacionada em decorrência dos efeitos da renda, da taxa de câmbio e também da taxa de juros.

Assim como vemos na microeconomia, a curva que demonstra o efeito negativo é inclinada em relação ao nível geral de preços. Portanto, a partir do momento em que o nível geral de preços (P) apresentar um acréscimo, a renda real (demanda agregada) tenderá a despencar, como mostra na Figura 03.

Contudo, temos vários motivos que afetam, além do nível de preços, o  processo da demanda por bens e serviços de uma determinada economia. Durante o processo, qualquer alteração que venha a ocorrer, implicara no deslocamento da curva de demanda agregada.

Figura 03: Demanda Agregada (CÂMARA, 2016)

Por um determinado período de tempo, a oferta agregada caracteriza tudo o que é produzido de bens e serviços na economia de um país ou região. Desse modo, Câmara (2016) leciona que esta curva apresenta em diferentes níveis de preço a quantidade que os produtores desejam vender no mercado. A curva de oferta agregada pode ser representada pelo formato, a partir de três desempenhos distintos em relação a um crescente aumento da demanda agregada como mostra a figura 04, conforme o autor conceitua:

  • Capacidade ociosa: Com um aumento da demanda agregada a produção cresce a oferta, por meio de utilização dos recursos ociosos onde os preços continuarem inalterados, todos os preços fixos extremo do que seria o comportamento de curto prazo (Abordagem Keneysiana) – parte horizontal da curva de oferta agregada.
  • Alguns setores no pleno emprego: Com a alta elevação da demanda agregada determinados segmentos que estão no pleno emprego acabam elevando seus preços e os demais setores que não estão aumentam sua produção. Deste modo, tanto os preços quanto a quantidade produzida tendem a elevar-se de maneira positiva inclinando-se da curva de oferta agregada.
  • No pleno emprego: Com o aumento da demanda e sem recursos disponíveis para aumentar a produção a reação posterior será em elevar os preços (inflação); é também conhecida como Oferta Agregada de Longo Prazo – representada pela parte vertical da curva de oferta agregada.
Figura 04: Curva de oferta agregada (CÂMARA, 2016).

REFERÊNCIAS

BESANKO, David A.; BRAEUTIGAM, Ronald R.. Microeconomia: uma abordagem completa. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

CÂMARA, Samuel Façanha. Macroeconomia. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração. UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2016. 136 p. Disponível em: http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/145354. Acesso 23/03/2020.

CARVALHO, Maria Auxiliadora de. Microeconomia essencial. São Paulo: Saraiva, 2015.

IZIDORO, Cleyton (org.). Economia e mercado. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

PINDYCK, Robert S; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7.ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

SAMPAIO, Luiza; LENZA, Pedro. Microeconomia esquematizado®. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

3 thoughts on “Equilíbrio de Mercado e Eficiência Econômica

  1. Segundo a citação de Smith. Cada indivíduo (…) não pretende promover o interesse público, nem sabe o quanto o está promovendo (…) ele pretende apenas sua própria segurança e dirigindo sua atividade de tal maneira que sua produção seja de maior valor, ele pretende apenas seu próprio ganho, e nisto, como em muitos outros casos, é levado por uma mão invisível para promover um fim que não fazia parte de sua intenção. (A Riqueza das Nações, Livro IV, Capítulo II, parágrafo. 9).
    Podemos ressaltar que a ideia da mão invisível traz o conceito de que as pessoas deveriam estar definindo o que ela deseja fazer com seu dinheiro, e como tomar as decisões ao invés do estado fazer isso por elas, pois a partir de quando cada individuo escolhe o que ele quer ele consegue otimizar as decisões melhores segundo o que ele mesmo deseja, segundo Adam Smith o estado só deveria intervir em três situações quais seriam na justiça, com estabelecimento e manutenção, na defesa nacional e em obras públicas de instituições que não fossem de interesse privado.

  2. Basicamente, a demanda agregada irá demonstrar a quantidade de bens para cada nível de preço e a oferta agregada irá mostrar tudo o que é produzido na economia de um país ou região.

  3. O texto cita como pressuposto a mão invisível do mercado de Adam Smith, que não ocorre quando há monopólios. Nesse caso a mão deixa de ser invisível e é o detentor do monopólio que manipula o equilíbrio do mercado, as oferta e demanda agregadas. Um exemplo hoje no Brasil são as transmissões de campeonatos de Futebol, dos quais a rede Globo detém a maior parte dos direitos e manipula esse mercado.

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